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Uma sombra

Mê senhor está a lavar o quintal e constacto que há uma sombra que o persegue. Mas ao reparar bem a sombra não se assemelha, em nada, a ele: mais pequena, mais estreita, mais nova (como se pudéssemos identificar a idade numa sombra, mas enfim!); e depois tanto está atrás como ao lado como à frente. Uma sombra movediça. Um sombrinha que atropela o avô.

Rosovo

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Há quem chame "Roscovo" , "Arrozconvo" eu prefiro: "Rosovo". Não há quem resista a este prato de origem russa. As Pulgas adoram, o avô também. E então misturado ainda melhor... Comida de pobre mas que faz as delícias na boca. Ingredientes? Arroz cozido, ovos, de preferência dois, fritos com a gema mole. Rosovo uma receita antiga da minha avó desde que um dia leu o Pravda...

Não te metas com ela. Eu avisei-te

Depois de um pequeno-almoço cheio de cereais, leite, café para os adultos, fruta e, assim que a oportunidade surgiu, vestimo-nos para um leve passeio até à padaria do costume a fim de comprar pão, beber uma bica bem forte e ler as notícias. À saída de casa a Baixinha alertou que, assim que chegasse à padaria ia comer um pãozinho. O avô fez-lhe ver que já tinha tomado o pequeno-almoço. "Ora, avô, tu também já tomaste café ao pequeno-almoço e vai tomar mais um." Por isso, meu-zamigos, com esta há que medir as palavras antes de falar.

A reter, a fixar, a aprender...

...a perguntar sempre antes de pedir a refeição, comer, apreciar e digerir se tem multibanco. É que voltar à povoação ficando eu como moeda de troca não me apraz.

Porquê, mas porquê? Eu não mereço!

Uma pessoa toma banho, está toda ensaboada, de repente apercebe-se que a água esfria. Chama pelo cabeça de casal, ele não ouve. Berra o nome dele "caté" os cachorros responderam, mas ele não. Uma pessoa gela dentro do poliban, emvrulha a toalha no corpo cheio de sabão. Chega à boca da escada volta a gritar pelo hôme, hôme responde, aleluia! Diz que estava longe, caramba, a casa é grande, mas... Diz-me que provavelmente não há gás... Uma pessoa arregala os olhos ementes treme de frio...uma pessoa desespera enquanto o hôme arrasta a garrafa muda a cabeça encaixa volta guarda fecha o espaço das garrafas entra em casa ese grita que está pronto. Valha-me Nossa Senhora do Banho Tomado e da Água Quente!

Com o tempo as pessoas mudam...

...tanto para melhor como para pior. Algum dia vi o mê senhor sentado a ajudar os filhos nos trabalhos de casa quando eles estavam no primeiro ciclo? Não. Agora é vê-lo sentado a ajudar as Pulgas. Dá gosto vê-lo. Ainda hoje era eu com a Maiveilha e ele com a Baixinha. Cheguei a esta conclusão: a idade adequada para ser pai é depois dos cinquenta. Paciência e tolerância adquire-se quanto se entra nos...enta!

Estou tão constipada!

Mentira, estou é distraída. Coloquei a panela ao lume para fazer o refogado e sentei-me a ver notícias. Mentira, foi a jogar. Nem o cheiro a esturricado me chegou ao nariz, só despertei para a vida quando o mê senhor, homem de nariz apurado, me perguntou o que era o almoço...assim-como-quem-não-quer-dizer-abertamente-que-cheira-a-queimado-e que-o-comer-foi-p'las-canas-dentro. A resposta foi: Olha, mê senhor, era pa nan ser, mas agora vai ser: "queimado" Olarilha! Bem-bom! Ca vida não permite desperdícios.

Vamos a Braga?

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Recebo uma mensagem com a pergunta acima escrita. Caramba, uma pessoa adora viajar, uma pessoa adora o Norte, uma pessoa está confinada ao desterro de viver numa ilha onde tem água em toda a roda, uma pessoa não é Pedro, nem Jesus, e por isso não anda em cima da água. Uma pessoa não é rica, bens somente os alimentícios...e depois....aquele frenesim metido no couro... Depois vem um gajo que por sinal é o que me aquece o pêlo fazer ciganas e a meter-me bichinhos a correr pelo corpo. Vamos a Braga? Sim, se possível já hoje. Uma rapariga como eu não exige muito. Só ir ali, a Braga, ver o mê Bisalho* que já não lhe ponho a vista em cima desde o Natal. Que saudade de chupar - perdão, apertar aqueles ossinhos! Vamos a Braga? Eu respondo: Já ontem era tarde! (* para quem, ainda, não saiba, Bisalho é um termo madeirense que significa pintainho, pinto...é a forma carinhosa como chamo o meu filho.) Fotografia: Na Quinta do Lago, Parada de Bouro, Gerês, Setembro do ano passado.

Atão mulheres da minha vida...

....contem tudo, não sejam acanhadas. Os vossos amores trataram-nas bem no dia de ontem? Fizeram a comidinha, da boa, enquanto vocês descansavam a canela e o corpo no sofá? Não me digam que foi um dia normal! Por aqui, juntaram-se os três à esquina, marido, genro e cunhado, deitaram as mãozinhas à comida e saciaram as mulheres. E digo, nunca vi o mê senhor tão empolgado. Eita, ca coisa boa é ver as mulheres sentadas com um copo de vinho na mão e os homens de avental à roda do fogão. Até rimei, caramba!

Eu sei, mas ele não

O meu gato Ruca é castrado, pobre bicho que não pediu mas teve de ser, a Juju é uma tigresa linda que neste momento está no período fértil e a notícia deve ter chegado a Santana, pela quantidade de gatos que vagueiam por aqui não são só os da vizinhança. Ruca - o Castrado,volha para as cenas e fica a modos que burro a olhar para o palácio do Governador das Indias, não sabe para que é tanto barulho nem a fila indiana de gatos prontos a .... Olha, mas é que nem se importa e mantém-se esticado a apanhar sol. Mas há um senhor que por sinal é meu que anda a fazer uma espera a cada gato que se atravessa à frente. E é vê-lo de vassoura em riste preparado para atacar. E tem avançado umas vassouradas fora do pêlo, é que ninguém consegue ser mais ágil que gato. Mas uma coisa é certa, assim que vêem mê senhor dão de frosques pelo terreno acima. E abaixo.

Eu não mereço

Diz o mê senhor, homem prevenido e atento ao desenrolar da nossa vida que tenho uma vacina para levar. Eu, rapariga de meia serra que quando vai levar uma vacina só não chora por ter idade de entender que são passos necessários para uma vida sã, assim que o hôme disse comecei a hiperventilar. E a minha cabeça prepara-se para a pica. Mas mesmo assim quis saber quando, se estava próxima, se tinha de ser esta semana e tal e coisa... - Em 2017 - responde ele. Ah, relaxa, mulher, tens tempo de preparar, está quase...vai mazé escrever na agenda...mas espera lá, ainda estamos em 2015, não é? Este homem mata-me antes do tempo!

Pensar uma coisa e fazer outra

Resume-se a isto. Pensava eu que ia ter uma tarde sentada de sofá a preguiçar depois de ter dado descaminho às Pulgas, ou melhor depois de tê-las entregue aos pais, eis que, aquele com quem vou à bola, lembra-se de ir até aos píncaros da montanha captar uns momentos pois que não chove, está sol e uma temperatura que convida ao passeio. Atão esta rapariga que vos quer bem, vai ter de se levantar âncora da cadeira que já tem lomba, e acompanhar o hôme. De uma coisa tenham a certeza: vou tomar uma bela poncha. Mas estes maridos não deslargam...

Tons da moda

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Porque o castanho, doirado e bronze são os tons da época, o meu humilde casebre recebe em tons outonais. E espero satisfazer a minha anónima critica de fotografia, sincera quanto basta, e a minha amiga Afrodite que diz ser eu uma mestra em cabeçalhos. Satisfeitas? Só acrescento que o mestre destas fotografias é o mê senhor. Tiremos-lhe o chapéu.

E eu digo: já não há homens como os de antigamente

Sou surda, sim senhora, é um facto e já toda a gente sabe e depois este estatuto deixa-me constrangida e inferior aos demais mortais, por uma simples razão quero ouvir tudo e não posso! Quero ouvir o que de mim dizem; quero ouvir os meus pensamentos; quero ouvir...tudo, e os ouvidos não deixam. Ainda há pouco, a Pulga - a maiveilha, estava sentada no trono, a destronar e, por mais que me chamasse eu não ouvia. E chamava.. e chamava...e eu aqui, sem saber de nada. E o cocó esfriava e o rabinho da rapariga desesperava. Até que, mê senhor que ouve bem, bem de mais, aliás, ouve o que quer e o que não quer, tem dias... é que levantou aquele corpo já cansado de tanto vai-e-vem para me dizer que a rapariga estava a chamar para lhe limpar o sítio. E eu pergunto: ó senhor, mê senhor, em vez de me chamar (para fazer isso), porque não agarrou num metro e meio de papel higiénico e fez o serviço? Tinha de ser eu? Por isso a minha reflexão: Já não há homens como os de antigamente. E ainda bem!

Basta. Vou divorciar-me.

Nunca se chega a conhecer verdadeiramente uma pessoa, por muitos anos que se viva com ela. E são trinta e seis anos. Aquele, a quem chamo de mê senhor, trai-me. Já aqui deixei expresso que, todas as noite, ele anda metido com umas certas damas. Na primeira vez, quando descobri, pois apanhei-o com elas, falámos sobre o ssunto e eu, tonta, julguei que tinha sido uma traição momentãnea. Mas não. Não há quem aguente tamanha traição. Pensava eu - mulher que aguenta tudo na vida e já passou por muito - que, ele tinha deixado de  frequentar esse sítio, afinal, tão enganada estava! E, mulher enganda vira bicha-fera. Damas que se promovem na internet. Damas que, a um clique, aparecem no monitor. Damas fáceis... Dentro de casa morava a traiçaão: bem debaixo dos meus olhos, bem debaixo do meu nariz. Eu a julgar que era trabalho o tempo que levava sentado ao computador. Afinal...são damas senhor são damas... Ai povo enganda! Que vício! É caso para um desvorce (como se diz por cá)!

Eu é mais antónimos

A Pulga - a maivelha estava a fazer os TPC´s e pergunta ao avô qual o antónimo de nunca. Avô fica baralhado e sem puxar pela chaminónia (é melhor perguntar a quem sabe), a principio fica a pensar, mas depois descarta com aquela do "vou chamar a avó que ela é que era a professora". Chega-se ao meu pé, que não estava muito longe da Pulga, e pergunta se o antónimo de "nunca" não é "sempre". Afinal sabia, não tinha era a certeza. Dahhhhh, como diz a canalha, atão dá-se a resposta? Atão não se pergunta em voz silenciosa para a busica não ouvir? Atão é assim que se ensina? É assim que se puxa por eles? Foi o que a rapariga quis ouvir. De orelhas arrebitadas estava ela, e quando cheguei ao seu lado já sabia a resposta. Há quem tenha queda para ser professor de primeiro ciclo mas há quem não. Por isso é professor de meninos mais crescidos como diz a Baixinha.

Ele tem outra e eu sei quem ela é

Ele está ali em cima com ela. Eu sei quem ela é. Conheço-a até. Já os apanhei em flagrante delito algumas vezes. Só oiço os gemidos, os ais, o roçar na cama numa esfrega que não acaba. Eu oiço-os e bem, mesmo sem ainda ter colocado os aparelhos nos ouvidos. Devo ir até lá e pedir que tenham delicadeza? Devo entrar no quarto e chamá-los à razão? Na minha cama com ela! custa a aceitar! Não, faço de conta que não sei do adultério! Caramba, podia ele gemer menos e uns decibéis abaixo e principalmente não abanar a cama? Mas não. Continua a gemer... e eu aqui a ouvir... Vou, não vou, vou, não vou. Não vou. Mas o facto de a conhecer tão bem é que me atormenta. É sempre com a mesma, não muda e, ainda bem! Pelo menos sei quem ela é. É a maldita enxaqueca! Lixado, não é? (É lixado para não dizer um palavrão mais forte).

A chinesa não tem cuecas!

Atão não é que o mê senhor chega ao meu lado e diz: - A chinesa já não tem cuecas. Uote ? Arregalei os olhos porque, primeiro, não sabia que ele tinha ido à chinesa e depois o facto de ela já não as ter. Passou-me tanta coisa pela cabeça: Ela não tem cuecas!? Será que...tirou quando o viu? Será que ele alguma vez viu cuecas na chinesa? Deixou de ter? Mas parece-me que sim para ele dizer que "Já não tem..." é que já teve. Assim que a dita chinesa o viu disse logo: "eu já não têle cuecas". E olhem que ela bem procurou, mas não as encontrou! O que não sei se foi com ar triste ou satisfeita, não lhe vi os olhos. Queredo, uma mulher não é de ferro para ouvir estas coisas!  Agora, digam-me lá, mulheres do meu burgo, se fossem vocês deixavam isto assim ou tiravam tudo a limpo? Eu cá tirei tudo a limpo, não sou mulher de guardar frases em pensamento. Este mê senhor! 

Modernices

Ai como foi bom a invenção do telemóvel! A sério, se assim não fosse não poderia estar no andar de  baixo e o doentito do mê senhor no andar de cima. Eu explico: desço com o meu telemóvel ele fica na cama com o dele assim que precisar de serviços de enfermagem ao domicílio basta ligar. Sim, claro, ele não está doente das mãos...

Estamos separados porque ele dorme com ela

Porque não há mulher que aguente um homem doente. Ainda a doença vem nas desertas e já o homem se coloca a jeito para a receber. Se é uma constipação que está a vir no voo da noite, logo pela manhã já coloca o cachecol, as meias de lã, as pantufas, o gorro da mais pura lã virgem, e ajeita-se na cama à espera.... E ela não vem ou vem lentamente.  E depois é a tosse que teima em querer deitar um pulmão pela boca fora! Calha bem que eu estou ao lado e agarro-o antes que o cachorro o trinque, e os gemidos, isso sim, os gemidos que parece que a casa vem abaixo, Mê Dês! Atão, assim que a ela, a doença chega já está preparado. E espera...e espera... Não há quem durma na cama ao lado dum doente. Homem, claro! Não há remédio, o melhor é deixá-lo dormir com ela. Eu durmo na cama grande e posso esticar as pernas à vontade e não ver os pulmões a sairem pela garganta. Por isso, estamos separados enquanto ele dormir com a ela - a doença, eu durmo sozinha. E digam-me, mulheres do meu burgo, os