Mensagens

A mostrar mensagens com a etiqueta pulguinha

Sortuda é o que eu sou

Imagem
Dizia-me, de tarde, a minha Pulga - Baixinha de alcunha, que eu era uma sortuda e até já tinha comentado na escola a uma amiga e que ela - a sua amiga concordou. Eu é que tenho toda a sorte do planeta. Adorava ser formiga nestes momentos em que elas - meninas de cinco anos conversam sobre os adultos e neste caso sobre eu ser sortuda. E claro, quis saber em que capítulo era eu a avó que tinha toda a sorte do planeta. Pois - diz-me ela, mão colocada na cintura, rodando a saia - tu não tens de ir para a escola nem te levantar cedo de manhã e ficas todo o dia em casa sem fazer nada. Nem por um segundo vale a pena pensar o quanto ela gosta da escola.

Mas será mesmo?

Imagem
- Avó, o avô tá-te a chamar - alerta-me a Baixinha, cinco anos espevitados, uma vez que eu, por vezes, não oiço, ou finjo que sou surda. - Mas quando é que ele não me chama?! - digo com ar de desalento. - Amanhã. Amanhã... - responde ela sem deixar de brincar com as bonecas e interrompo o seu pensamento. - Amanhã? Porquê? - pergunto intrigada! - Sim, quando ele estiver na escola não te vai chamar. E eu pergunto: será que não? Ela levanta os olhos e ri-se.  Fotografia: Baixinha, a bordo do rabelo num passeio no Douro, com os tios, avós e mana.

Coração triste

- Avó, porque diz ela que tem o coração triste. O coração é sempre alegre . - Pergunta-me a minha Baixinha, cinco anos gaiatos e vivos, ao ouvir a letra de uma canção que tocava na rádio. Digo que, certamente, quem canta está apaixonada por alguém e não é correspondida ou tem saudades dele. - Tu, no fim de semana, não tens saudades do teu namorado, o Rodrigo? - Pergunto-lhe a ver a reacção dela pois sai sempre uma bujarda daquelas que me deixa sem palavras e a rir. - Tenho mais que fazer do que pensar nele ao fim de semana. Portantos, pensar nele só durante a semana, ao fim de semana há descanso.

Não dou vencimento!

Imagem
Não dou vencimento a coser botões da farda da minha Baixinha. A escola ainda agora começou e já cosi alguns botões da saia da rapariga. Chega para almoçar com a regeira amarrada às costas e com o botão na algibeira, ou na mão, valha-nos isso que não tenho botões a dar cum pau cá em casa. Aquintrodia foi a bainha de toda a parte de trás da saia. Hoje foi o velcro do sapato que descolou, e lá o avô engenhoca deu um bocado de cola para aguentar mais uns dias. Resta dizer que a maiveilha - que já frequenta o 2º ano - nunca chegou a casa nem com a bainha descosida nem com as tiras da saia sem botão. Feitios! Fotografia: Baixinha, cinco anos gaiatos, a bordo dum rabelo em Junho 2013.

Um bom motivo para acabar com o namoro

Imagem
- Avó, vou acabar com o meu namorado - diz-me a minha neta e logo fico preocupada. Caramba, não é do pé para a mão que se larga um bom partido. O que se teria passado para acabar um namoro de algum tempo? Grave, muito grave mesmo! Pergunto-lhe o porquê? Que aconteceu? Diz-me quase de boca fechada num murmúrio contido, quando me puxa-me pela manga da camisola e encosta a cabeça ao meu braço. Pensei que ia chorar, mas não, pois foi ela que acabou com ele. - Descobri que ele ainda faz chichi na cama. Um bom motivo para acabar. Não foi traição. Foi micção... A minha neta do meio - a Baixinha, de cinco anos, num desabafo.

E a verdade seja dita

- Avó - diz a minha neta do meio, a de cinco anos - não vale a pena estares a limpar isso - quando aí pelas 10 da manhã varria eu ao quintal para que pudessem andar de bicicleta. Com uma cara do género: "coitada da velha que trabalho inglório!" - Mas porquê? Achas que não devo varrer? - Ora, daqui a pouco tá sujo! E nem foi daqui a pouco, foi no preciso momento já saiu com a bicicleta debaixo do braço que deitou o conteúdo da tralha que levava para a brincadeira na rua. Mas que é uma boa filosofia, lá isso é ... Para quê limpar se vamos sujar?

E foi assim que aconteceu

Dizia-me a Pulguinha, a do meio, mostrando-me uma nódoa negra que tinha na coxa. - Sabes, avó, eu fiz esta nódoa no dia em que gritámos: Porto.- (No dia em que jogou o FCP e o SLB). - Ai foi? Atão devias ter gritado: Benfica e nada sucedia. Mas... tu gritaste Porto!? - Pergunto eu sabendo que quando estou ela diz ser do Benfica. Abanava a cabeça em sinal de concordância. Voltei a perguntar - Atão, tu gritaste pelo Porto!? Mas dizes que és do Benfica! Já não abanava a cabeça, só mexia os olhos. Enfim, os olhos da avó são assim a modos que repreensivos. Coitada da pequena, já não sabia o que dizer para me alegrar. Vira casaca esta estrepela.

Milhões de coisas excepto...pessoas

Imagem
- Avó, o que queres que desenhe? - pergunta-me a Pulguinha, a neta do meio, com os cinco anos mais espevitados que uma cozinheira a petróleo, folha e lápis na mão, pronta a desenhar o que eu escolher. Eu respondo - Desenha a tua família. - Olha - diz-me ela com a mão na anca assim a modos que peixeira (sem ofensa às mulheres que vendem peixe, sim?) - eu só desenho: carros, motas, mesas, cadeiras, óculos, comida, brinquedos... Tudo, milhões de coisas menos pessoas. - E reforça como se eu não tivesse percebido e por via de dúvidas... -  Eu desenho tudo o que há menos pessoas. Pronto, tamos entendidos? E por isso, descansou o lápis e sentou-se a ver televisão.

Ora, põe tu!

- Alguém vai pôr a mesa? - pergunto à equipa de ajudantes e olho precisamente para a Pulguinha, a do meio. Ela olha-me bem dentro do meu olho e, eu, pensando que não tinham ouvido a pergunta, refaço-a: - Quem vem pôr a mesa? - Pois sei que é uma actividade que gostam de fazer, além de brincar, e brincar novamente e novamente brincar; depois de ver televisão, ver outra vez televisão e só em ultima instância ajudar. Eles param. Eu sorrio com aquele sorriso a pedir, a mendigar que façam algo para ajudar... De repente sai-se a gasguita.. - Ninguém. - Como? - pergunto. - Ninguém...aliás, nenhum de nós vai pôr a mesa. E sai, ou seja vira-me o rabo quase a empurrar os outros dois para se escaparem ao serviço. Bem, tive de pedir ajuda ao ajudante disponível...

Ouve-se cada uma

Imagem
Ainda há pouco, aí pelas onze horas desta noite linda de época de Carnaval, dizia às Pulgas que estavam sentadas em frente da televisão: " Vamos dormir, já são horas." - Oh, não, ainda é cedo.  disse uma. - E amanha não temos escola - disse outra. - E estamos a ver isto -  dizia o mê Gu-Gu apontando de dedo para o Panda Júnior. E falavam ao mesmo tempo. - Mas ainda não temos sono.- explica a maivelha. (Pudera!Pensei eu! Os mais pequenos dormiram de tarde uma soneca e a ela acordou pelas duas da tarde pois deitou-se pelas quatro da manhã quando eu me deitei. - Mas vamos - e com o dedo indicador fazia o percurso de subir as escadas. - Eu já tenho sono. - E abro a boca a fingir que estava mais para lá do que para cá. Sem tirar os olhos da televisão diz a Pulguinha - a do meio. - Então vai tu. E sabem? Estou aqui a pingar sono à espera que se decidam. Ouve-se cada uma! Fotografia: Num dia de Natal a saltar de dois em dois os degraus cá de casa.

Mais uma vez ela tem toda a razão!

Imagem
 - Mas quem me chateia, quem? - pergunto eu às três Pulgas que dentro do carro faziam uma algazarra tal que eu, pobre rapariga com dores de cabeça devido às preocupações do tempo, perguntava à espera que alguma, ou todas, se acusassem e dissessem em coro: "eu" como têm por hábito responder quando se faz uma pergunta do género: quem quer chocolate? Quem quer uma fartura? Mas não, mantiveram-se calados a apreciar a beleza da paisagem, sem se quer ouvirem e sem me ligar pevide. Coseram-se todos, todos menos a espevitada da Pulga do meio que, no pico da sua altivez, me disse. - És tu. És tu que te chateias ti própria.- E abana a cabeça em sinal de concordância com aquilo que dizia. E tem toda a razão esta gasguita, tem sim senhora e sim senhor (para o caso de algum macho andar por aqui..) nós adultos é que nos chateamos a nós próprios quando ao remexer na tristeza aprofundamos o desgosto e matutamos na nossa vida. Fotografia: piscinas Naturais do Porto (do) Moniz.

Mas tem toda a razão, a peste

Na escola alguém disse à minha Baixinha (a Pulga do meio, e a mais atrevida e observadora). - Sabes, eu conheço o teu pai, a tua mãe e os teus manos. Ela ouviu e, à tarde, quando transmitia à mãe esta conversa, acrescenta: "quando ela me disse aquilo eu fiquei a pensar: e não me conhece a mim?!"

Vitória Vitória

Fomos (eu e mê senhor) buscar as Pulgas à escola a pedido delas. Não há dia em que não peçam, e hoje não foi excepção. Mas à quarta-feira a Pulguinha tem dança. Ainda na escola, na porta, começa ela a lamuriar-se que não quer ir à dança (isto porque sabe que entrementes os irmãos vão para a casa d´avó). Faço-lhe a ver que uma vez inscrita na actividade tem de cumprir os horários e marcar presença e remato com... - Pulguinha "mailhinda" de sua avó, não é negociável, vais e "vivó velho". - Mas...avó eu não quero ir. - Com umas tombas que lhe chegavam aos joelhos, de braços cruzados ao peito. - Tens de ser. Está combinado com a mãe: eu vou deixar-te e ela é quem te vai buscar, e depois, não se pode mudar os planos. Vamos já subindo a ladeira até à escola quando a minha filha liga. Aceito o que me diz e transmito ao mê senhor. - Desce. Não há dança, a professora tá doente. Só oiço um " yyyyyyyyyyes " vindo da esganiçada da rapariga com braços estendido

Foi difícil convencê-la

Imagem
(Ora bem vamos mudar de assunto que já fede e falar de comentários anónimos dá-me uma comichão no sítio). As Pulgas estiveram aqui na asavó (como diz o Gu-Gu quando se refere à casa d´avó) durante cinco dias enquanto os pais forma namorar até ...bem, não importa onde foram o que importa é que tiraram uns dias para namorar bem longe daqui. Ficaram comigo e, claro, sexta e segunda foi dia de escola e lá teve de fazer de "chofére" (palavra derivada do francês mas usada aqui no meu rural) dos netos, esta rapariga que vos escreve. A Pulguinha, a de quatro anos e meio, acho que nunca me viu pôr as mãos no volante (eu sou mais co-piloto do avô) e qual não foi o seu espanto quando eu abro a porta do lugar do condutor. A modos que parou como se estivesse grudada ao chão, e pergunta quem vai pô-la à escola ao que respondi: eu. E espeto o dedo indicador no peito. - Tu, avó?! Mas tu sabe conduzir? - pergunta-me admirada, de olhos abertos, sem entrar para o carro. Disse que sim

Pfuu, cu enjoo!

- A sanita cheira mal. Avó, tu fizeste cocó? - perguntava-me o Gu-Gu, de nariz franzido, quando o levei à casa e banho para fazer chichi, sempre com a presença do resto das Pulgas. Responde a atrevida da Pulguinha que tudo sabe. E tudo diz. - Pois tá! - diz ela sem sequer inspirar para confirmar. - A avó fez cocó ontem e jogou às cartas. Prontes , não se pode fazer nada à vista de canalha miúda! Eu só fiz uma paciência enquanto aliviava a tripa e ela entrou num instante. Mas viu. E cheirou também. *Enjoar, por aqui, em madeirense, significa cheirar mal.

Quem bem come...

Estava a Pulguinha, a neta gasguita de quatro anos, na sanita a fazer o seu cocó, e digo-lhe que se despache que o jantar está na mesa. - Avó, tenho de deitar fora este - e aponta para o bolo em forma de torta - para ter espaço para o jantar. Sempre ouvi dizer que quem bem come bem...

O balão do João

No dia dos avós fomos buscar as Pulgas à escola, e pelo caminho, já dentro do carro, sai a cantoria do costume. Desta vez era o mê Gu-Gu a cantar: "O balão do João sobe sobe pelo ar..." Pulguinha (a gasguita de quatro anos) de olhos revirados, com as mãos no ar como se as levasse aos ouvidos, olha para ele e... - Poupa-me! Poupa-me de ouvir-te cantar.

Havia eu de dar esta resposta à minha avó...

...E a colher de mexer o milho desancava nei beiças. Na hora do almoço peço às Pulgas que se mantenham sossegadas para registar o momento numa fotografia. Almoço na rua, assim a modos que piquenique. Tiro o retrato e digo.  - É para o pôr no blogue*. E acrescenta a Pulguinha (a de quatro anos) - Ou no feicebuque. Hoje em dia esta criançada já nasce com estes termos embutidos. * a foto é a que acompanha a mensagem do fim de semana.

E só assim para o rapaz chegar até mim

- Avó, olha o que o Gu-Gu fez-me - e a Pulguinha, de quatro anos espevitada como uma cozinheira, mostrava-me uma trilhadela minúscula feita pelo irmão na brincadeira. Eu olhei e para manter a ordem disse-lhe: - Vai já chamá-lo e diz-lhe que venha cá que vou-lhe aquecer o pêlo. - E faço com a mão o sinal característico de dar uma palmada. Ela sai a correr à louca, e julguei que o rapaz não viria quando vejo-os pela janela. Ela à frente ele atrás. Ao chegar ao meu pé, diz-me baixinho com a mão a tapar a boca, para que ele não ouvisse: eu disse a ele que tu querias dizer-lhe que ele é lindo! E piscou-me o olho. A rir a rir. E ele vinha tão feliz! Ora esta gasguita mente só para o fazer vir que se lhe dissesse que era para um correlativo ou advertência ele nao viria. Tem espertos na cabeça.

Se respondesse assim à minha avó levava mazera com a pimenta nei beiças

Ao fazer o jantar cai-me um dente de alho ao chão, e como estavam as duas minúsculas Pulgas e baixinhas como são (estão mais perto do chão) pedi à Pulguinha, a atrevida de 4 anos para me dar, aliás ela estava de cócoras. - Apanha tu se quiseres. - Olha lá, podes me dar isso, se faz favor!? - Apanha tu.- E nem mexeu os olhos muito menos as mãos. - Tá bem! Estou de relações cortadas contigo. Não fales mais comigo. - E como estava olhando para mim, acrescentei - E nem olhes. Daí a pouco vem ela toda lampeira; aproxima-se, fica ao meu lado. Digo-lhe: - Já te esqueceste que não falo contigo? Por isso nem te aproximes. - Avóóóó, tu és linda! - E aquele sorriso maroto é que me adoçou o tempero. Pois, vai-se lá entender esta canalha. Interesseira digo eu! Prontes, e verdadeira.