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E a verdade seja dita

- Avó - diz a minha neta do meio, a de cinco anos - não vale a pena estares a limpar isso - quando aí pelas 10 da manhã varria eu ao quintal para que pudessem andar de bicicleta. Com uma cara do género: "coitada da velha que trabalho inglório!" - Mas porquê? Achas que não devo varrer? - Ora, daqui a pouco tá sujo! E nem foi daqui a pouco, foi no preciso momento já saiu com a bicicleta debaixo do braço que deitou o conteúdo da tralha que levava para a brincadeira na rua. Mas que é uma boa filosofia, lá isso é ... Para quê limpar se vamos sujar?

Tão simples quanto isto!

Ao almoço, ouvindo as notícias sobre a Ria de Aveiro, aproveito, como sempre, para fazer uma breve lição de geografia à Pulga - a maiveilha. - Há rio e ria. Sabes qual é a diferença? - Pergunta mais idiota (digo agora depois de ouvir a resposta), para uma criança de sete anos que vive numa ilha sem rios nem rias e somente conhece Portugal Continental de breves férias. Sei - diz peremptória - o "o" e o "a" no fim. Toma para não fazeres perguntas parvas. Mas a resposta, essa, foi tão simples e certeira. Linda Pulga, coisa mailhinda de sua avó!

Mas onde guardei eu a excomungada?

Olhem lá, pipole, se souberem da minha máquina fotográfica, ou basicamente, do sitio onde a escondi antes de ir de mini-férias (escondia-a para que os ladrões não a roubassem), agradecia que me dissessem. É que já virei a casa do avesso e estive até agora a pô-la do direito, novamente, a ver se a descobria e nicles, ticles, laricles. Cabeça do filha da mãe que esconde tão bem que depois não se lembra mas digo: deve estar tão bem escondida nem ladroes a encontravam. Shite!

Atão eu ia ficar em casa?

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- Avó, tu vais com esses sapatos!? - perguntava-me a Pulga - a maiveilha, com o dedo esticado, apontando para os meus sapatos; quando, depois do almoço, entrava no carro para regressar à escola. Com os olhos tão abertos de surpresa por eu ter nos pés uns sapatos velhos de andar por casa que por sinal até eram da tia-velha. - Não servem? - E olho para os sapatos ao mesmo tempo que faço uns passos de bailarina e coloco um à frente outro atrás como se estivesse numa passerelle.   Ela ri-se. Digo-lhe que não vou sair do carro que regresso logo a casa por isso não há necessidade de levar os sapatos de ir à missa (por que antigamente os melhores sapatos eram os de levar à missa no domingo). - São sapatos de velhinha! - diz-me com cara de remédio, encolhendo os ombros como quem diz:  não há remédio com esta minha avó!,  e para terminar sem ofender, remata com - Mas ficam-te bem. Pudera, se continuasse a reclamar dos sapatos ia a pé... Fotografia: E ia eu mostrar os tais sapatos? Não,

Uma noite em Nova Iorque

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Não, não vou passar uma noite em Nova Iorque; não, também não é aquela cena do feicebuque em que se diz quantos dias vamos passar a um sítio em vez de se dizer o dia de anos. Não, também não é um sonho nem tão pouco um desejo até porque Nova Iorque não é um sitio que me interesse visitar, pois sairia de lá com uma dor no pescoço de tanto olhar para cima; sou mais rapariga de superfícies planas e onde se possa ver o horizonte. Falo do livro de Tiago Rebelo. Oferta da minha cunhada pelo meu dia de anos, e já lá vão uns mesinhos (fiz anos no ano passado), mas só agora tive oportunidade de começar. Está em modo de arranque. Sinopse "Uma Noite em Nova Iorque" é uma complexa história de encontros e desencontros, promessas e desilusões; mas também uma história de descoberta e de esperança, que reflecte o dilema dos protagonistas divididos entre duas forças poderosas: a obrigação de perpetuar uma união que já não lhes traz alegria e a urgência de correr atrás de uma eno

Eu agradeço. Sou rapariga de gostos refinados.

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O meu irmão que vive em Londres está cá na Madeira, veio por duas semanas, e sempre que vem traz-me aquilo que eu gosto: perfume. No Natal trouxe-me  Beyoncé. Agora True Love. Não conhecia nem um nem outro. Ao entregar-me, ontem, o perfume, batia com a mão direita fechada no lado do coração e dizia: True Love. Eu entendi. É assim, verdadeiro, o amor entre irmãos.  Ai, este meu irmão, é um homem de  bom gosto. E adoça-me o bico. E como disse no início pelas mãos  dele já experimentei muitos perfumes. Tem quiú mai brader, meni tenques (inglês).

E foi assim que aconteceu

Dizia-me a Pulguinha, a do meio, mostrando-me uma nódoa negra que tinha na coxa. - Sabes, avó, eu fiz esta nódoa no dia em que gritámos: Porto.- (No dia em que jogou o FCP e o SLB). - Ai foi? Atão devias ter gritado: Benfica e nada sucedia. Mas... tu gritaste Porto!? - Pergunto eu sabendo que quando estou ela diz ser do Benfica. Abanava a cabeça em sinal de concordância. Voltei a perguntar - Atão, tu gritaste pelo Porto!? Mas dizes que és do Benfica! Já não abanava a cabeça, só mexia os olhos. Enfim, os olhos da avó são assim a modos que repreensivos. Coitada da pequena, já não sabia o que dizer para me alegrar. Vira casaca esta estrepela.