E lembrei-me da minha avó

A grande reportagem da noite na SIC (de hoje, domingo) é sobre as lavadeiras (também há um lavadeiro) que lavam no rio. Ora, cá no meu rural não há rios, como sabeis, mas há ribeiras e a minha avó lavava a roupa, na água cristalina e corrente da ribeira perto de casa; e punha a corar nas pedras.
Se bem que nessa altura não gostasse do cheiro da roupa, hoje, eu, rapariga com 56 anos quase 57, sinto uma saudade imensa desse cheiro que me acompanhou desde que me lembro. A minha avó saía de casa com a trouxa à cabeça e, verdade seja dita, ela tinha uma postura correcta ao andar, devido a ter de equilibrar o monte de roupa.

Nessa altura sentia até um pouco de vergonha pois que já as mulheres lavavam no tanque em casa (e nós tínhamos um no quintal), mas a minha avó que era teimosa como uma mula persistia em lavar na ribeira.
Hoje tenho até prazer em falar sobre este assunto pois o cheiro característico da roupa lavada na ribeira com sabão azul, atormenta-me ao ponto de ainda não ter um sabão certo, um que me mate a saudade da minha avó, para lavar a roupa.

Se não fosse porque....enfim, entendem, não é? Os tempos mudaram, mas, sinto um desejo de fazer como a minha avó. Agarrar num lençol, estender no chão, colocar a roupa suja em cima, atar as quatro pontas num nó, descer as escadas com a trouxa e sair para a ribeira. Se não fosse porque...não tenho o equilíbrio, a desenvoltura, a esbelteza da minha avó, juro que era isso que faria.

Comentários

  1. Tens a idade da minha avó! :D (e peço desculpa pela ousadia, mas aqui trato todos por tu)
    Gostei mesmo do texto! Achei querido :))

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  2. Pois...Sabias que eu nasci à beira duma ribeira? A minha mãe, levou-me na barriga e, voltou para casa comigo dentro da bacia, juntamente com a roupa ainda mais suja. Todo este trabalho feito só . MÃE CORAGEM. Eu fui o 8º filho. Daí a sua forte experiência. MÃES destas, já não existem.
    Beijos e abraços de F&J.

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  3. Lembro-me disso e lembro-me também de na provincia, no Alvendre se lavar os tachos com areão da fonte para os arear! Ficava tudo a brunir!

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  4. Estava a ler o teu comentário e a ver a nossa Tia Ilda, de 92 anos, lá na aldeia, a lavar a roupa dela e do filho mais novo, descalça, na ribeira ao pé de casa. Teimosa como tudo, não deixa a outra nora lavar-lhe a roupa na máquina! E estava a imaginar a tua avó... Estas senhoras de outro tempo têm uma força!
    A propósito do cheiro da roupa lavada, fizeste-me lembrar uma da minha neta que bem pequenina, com 1 aninho foi viver com os pais para a Suiça. Anos depois, foram para os EUA e nestes países, devido ao clima e aos hábitos, todas as casas têm máquina de secar. Quando vieram viver para Londres, a casa tinha um quintal e a minha nora, encantada, sempre que o tempo deixa, estende a roupa ao sol. Um dia, logo no início, ao apanhar a roupa, disse para a filha: - Que maravilha, esta roupa cheira a Sol"!
    E a Sara respondeu-lhe: - O Sol tem cheiro, mamã?

    Bom domingo, Amiga. Tudo de bom por aí! BJs. Bombom

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  5. Minha querida, no meu rural lá de cima, lavei muitas vezes a roupinha dos meus bonecos, no braço de rio que passava pelo quintal dos meus avós...onde a minha mãe e a minha avó lavavam a roupa!

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  6. Também tenho essa memória de ir até ao rio, com minha mãe e outras mulheres,e de as ver lavar a roupa e pô-la a corar, rrrss


    O meu grato abraço por este regresso à infância.

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  7. Nada que nãopossas representar. Aproveita e envolve as Pulgas na actividade.
    Acabas por lhes contar histórias de família que nunca esquecerão.

    Boas lavagens!

    beijinho

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  8. Prima, as nossas colunas não são como as das nossas avós :)
    Quanto ao cheirinho ...não há outro igual.

    beijinhos

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  9. Memórias de encantos mil!
    O que eu adorava lavar com a minha avó e a minha mãe, numa pedra do "nosso" rio!:))

    beijocas

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