A dor alheia

Salta-me a brotoeja quando estou ao pé de alguém que só fala em doenças. Das suas. É que, por mais que tente não pensar, começo eu a sofrer as dores alheias. Doi aqui doi ali. É mais forte que esta mania de sentir o que os outros sentem.

Tinha uma colega que, ao cruzarmo-nos pela manhã no recinto escolar e, como educada que sou, cumprimentava-a, perguntando se estava melhor pois que, no dia anterior havia-se queixado de dores na garganta. Estou melhor da garganta, dizia ela, mas agora tenho uma dor no ombro. No dia seguinte já tinha ido ao massagista por causa da dor mas ia ao estomatologista por que doia-lhe o estômago a acrescentar à dor de garganta. Poça, irritava-me, solenemente, esta atitude, e todos os dias tinha uma dor diferente no corpo.
Não me peguntem se continua viva e a proceder desta forma, só sei que desde o momento em que percebi que era hipocondríaca, somente lhe desejava os bons dias matinais e a boa tarde ao sair da escola, pois, onde estava ela não estava eu.
Ah, em jeito de "só mais uma coisinha", já que estou a falar dela, estava mais de atestado médico do que a leccionar. E depois? Perguntam vocês, meus anjos. Depois, arruma com os alunos dela mais os teus que, coitados dos pequenos, não têm culpa do hoje doi aqui, mas amanhã vai doer ali porque ontem doeu aquioli.

Comentários

  1. estive a ler a minha mãe, com a diferença apenas na profissão. não tenho mais nada a acrescentar. boa tarde, antes que também me doa alguma coisa por osmose. :)

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    1. E já agora,quem é a tua mãe e se eu puder lê-la gostaria, podes mandar o lonk e se quiseres que nao publique é só dizer, oquei?
      Kis. :=)

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  2. É complicado carregar dores alheias.

    Por vezes as nossas sobram e se não existirem a vida fica bem mais leve.

    Há desnecessidades a evitar.

    Beijinhos

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  3. O estomatologista trata dos dentes, não do estômago (esse é o gastroentorologista). Para além do mais, a senhora nem sabia muito bem o que lhe doía, hihihi...

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