Diospiros, aquela sensação na boca
Numas mini-férias a passear pelas estradas do norte por esta altura, à minha frente só via diospireiros e a vontade de os roubar era muita, mas estar com outras pessoas esfria a reacção e testemunhas do acto é bom nunca haver. Mas o desejo de comer alguns era muito, reparei que estavam espalhados pelo chão caídos das arvores e, só de me lembrar ao preço a que os comprava no meu rural o desejo aumentava. Então pedi ao mê senhor que parasse perto de uma árvore cheia e com muitos pelo chão. Aproximei-me e recolho alguns mais afastados...De repente oiç o"oh, minha senhora, oh minha senhora...."
Tremi e levantei a cabeça na direcção da voz, vejo uma senhora já com idade avançava, trajada de preto, com as mãos na cintura. Tremia eu pois tinha o produto do roubo nas mãos. "Olhe, minha senhora, o que está a fazer?" Respondi que levantava uns diospiros do chão pois adorava a fruta e na minha terra - Madeira - eram muito caros.
A velhota olhava para mim e eu para ela à espera que me desse com um canelo de lenha "na zarcas". "Não faça isso, apanhe os frutos da árvore, não como os do chão". Tirei um e mais um, pois que ela virara-me as costas e aí sim, tive a certeza que ia chamar alguém mais novo com mais forca para me lembrar que não se rouba. Eu, de soslaio via-a na adega à procura de algo e pensei em fugir, pois não sabia do que era capaz. Até que...
Chega ao meu pé com uma caixa enorme cheia de diospiros. Olhei para ela sensibilizada e, com suavidade, ligeirinha, dirige-se ao porta bagagem do carro e coloca a caixa lá dentro. "São para si, aceite-os, é de bom coração que lhe ofereço, tenho muitos."
Vim com o coração apertado de tanta generosidade e com a barriga cheia. Tive diospiros durante uns tempos. Eles acabaram mas a atitude da velhota perdurará...
Fotografia: Diospiros numa árvore em Terras De Bouro.
Daquelas atitudes que nos enchem o coração *-*
ResponderEliminarAdoro dióspiros
Ó minha amiga
ResponderEliminarvá dar uma volta
com essa estória...
Na Madeira, nessa terra
não falta, velhas como essa
(o povo da Madeira
é todo assim
à excepção do que assim não é
Né?)