O amor não se mendiga
Todas as manhãs acordava com a esperança de que ele olhasse para ela. Todos as noites rezava para que ele voltasse a ser o homem que povoava os seus sonhos. Todos os dias recolhia as migalhas de amor que ele deitava ao chão, mas não enchia o seu coração. Tão poucas! Cada dia menos. Ela sofria com a humilhação de ser trocada por outra mais nova, mas não mais bonita. Ele dizia que não existia nada entre eles. Mentira. Existia sim: os filhos. Crianças pequenas que também recebiam as migalhas de amor que o pai sacudia. À noite, sozinha na cama, olhando para o lugar dele vazio, dizia: "amanhã ponho fim nesta relação", mas quando acordava mudava o pensamento ao vê-lo. "Vou esperar...pode ser que volte a amar-me." Levanta-se e recolhe as migalhas de amor que ele espalhara ao sair...