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Abrir janelas

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Depois da tempestade vem a bonança, o bom tempo é altura de abrir janelas de par em par, deixar o ar entrar com a luz do sol. É preciso abrir as janelas, todas as janelas, olhar o dia lá fora, encher os pulmões de ar, respirar a vida. Ela oferece muito mais aos que arriscam abrir as suas janelas e deixar ir o passado. Fechar os olhos e sair de si mesmo, mesmo de dentro da janela. Voar, é isso voar sem destino...Abrir janelas é, também, expandir fronteiras, aprender novas vivências ter novas oportunidades, saborear novos paladares e, acima de tudo, vencer obstáculos. Abram janelas, a vida é feita de janelas que se fecham e abrem, arrisque e verá que Deus não fecha uma porta sem que abra uma janela. Fotografia: Outono no Poiso, Madeira

Hoje há buffet

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 A minha neta Maiveilha, de 14 anos - e aqui sai um longo suspiro de admiração e nem acredito que aquela pulguinha cresceu tanto! - telefona sempre antes do almoço para saber a ementa. Digo "hoje é buffet"... Fez-se um silêncio que até pensei que tinha desligado. - Siiiiiim? Lindinhaaa, alôôôô, estás aí? ...Não dizes nada... Siiiiim...? - Buffet....buffet....RESTOS... queres tu dizer. Respondeu.

Se eu ainda for viva...

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Dizia eu à Maivelha das minhas netas já com14 anos, quase uma mulher que, quando ela for adulta, vai agradecer-me o facto de eu implicar com a sua postura, porque tem por hábito curvar-se como se estivesse com dores de barriga.  É que a minha avó também exigia que eu não estivesse curvada e até me dava palmadas  nas costas, não devagarinho, entenda-se, e eu, então com a mesma idade que ela, não gostava daquela implicância, muito menos das palmadas mas agora agradeço-lhe por isso."Vai acontecer contigo, vais agradecer-me mas só quando fores adulta", digo-lhe.  Diz o Mainovo, onze anos cheios de língua afiada. "Se ainda fores viva." Prontes, é a vida que levo na mão destas Pulgas. Fotografia: Casa típica de Santana, costa norte da ilha da Madeira  

E depois há aqueles que querem subir no balão...

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...outros que na lista de actividades a fazer antes de morrer consta: atirar-se em bodyjumping, fazer parapente, pular uma década, ir a lua, fazer rapel...e outros radicalismos. Eu só queria fazer uma tatuagem ... E fiz. Mas não quer dizer que já posso partir, nada disso. Porque descobri que tenho outra lista, esta mais sentimental de coisas a fazer antes de fechar os olhos. E tem a ver com momentos únicos de felicidade e de amor. Aquele momento em que testemunharei... o casamento das Minhas Pulgas. Que querem? É um desejo tão grande que, por mim, até podia ser amanhã, mas a Maiveilha que tem catorze anos, nem pensa em namorar, nem tão pouco quer, e ainda não há quem lhe arrebata o coração com aquela paixão de adolescente. Vamos aguardar.  Fotografia: Madalena do Mar, oeste da Madeira

Férias

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As minhas Pulgas estão de férias e nem sabem o que fazer. Julgo que querem fazer tudo num só dia. Senão vejamos: o rapaz deita-se a lastro no sofá, vai à rua dá uns pontapés na bola, joga ténis, anda de bicicleta, sobe vai à cozinha trinca uma maçã, ouve um raspanete porque não tirou a casca nem lavou. As meninas dedicam-se aos trabalhos manuais. Baixinha vai à rede, abana-se num vai-vem a alta velocidade, sobe vai à cozinha come uma banana, ouve um raspanete porque acabara de trincar uma maçã, desce, dá umas pinceladas no trabalho, sai à rua, senta-se na rede, levanta-se, a outra briga com os irmãos, vai à cesta dos vernizes, escolhe o verniz  vermelho-vivo, ouve um raspanete, escolhe outro, pinta as unhas, senta-se no sofá que entretanto vagou que o mainovo foi apanhar pitangas. A Maiveilha pinta o frasco mas quer que seque rapidinho, vai à casa de banho traz o secador de cabelo, deixa as portas dos armários abertas, ouve um raspanete, sobe, fecha o armário, briga com os irmãos,

Se eu pudesse era assim o resto da minha vida

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"Ai, avó, a vida sabe tão bem!" - diz a Pulga - a Maiveilha -, de onze anos, deitada ao meu lado de pernas esticadas na relva do jardim, no primeiro dia de férias, acompanhado de um longo suspiro a olhar o infinito.

É por esta e por outras que eu sou assim e não mudo

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São estas atitudes que me tocam o coração. E me enterneço. Não teve tempo de arrumar, mas deixou um pedido de desculpa ao avô. Quem pode zangar-se pelo comportamento com esta atitude? Poder-me-ão dizer que não justifica, mas pior seria se deixasse tudo desarrumado e saísse porta fora (porque tinha uma aula). Pulgas, sempre a mexer no coração desta humilde avó!

Deixem-me desabafar, canão sufoco! Diz ela que não faço nada

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Não tenho tempo para nada nem para uma coçadura no lombo, e a minha Pulga - a Maivelha diz que passo o dia sentada a jogar Candy Crush...Que sou uma sortuda, que não tenho de estudar nem de ir para a escola, que posso me levantar tarde e passar o dia sem fazer nada, que queria ser reformada, que os reformados é que estão bem porque não fazem nada, e ela tem de estudar. Mas onde já se viu?! É a ideia que estes gasguitos têm de mim. "Avó, tu não fazes nada". Pois olhem, a minha vida não é fácil, não senhora, a minha vida é um pião, um rodopio valente. De manhã faço os meus abdominais, coisa que comecei há muito tempo e ainda não acabei; é assim como bordar uma toalha de bordado madeira, depois dá-me aquela roeza no estômago e meto lá para dentro quase meio litro de café. Sento-me. Levanto-me para alimentar cachorros e gatos, faço o almoço para os netos e sento-me. Eles chegam almoçamos e sento-me para comer, depois levanto-me para me sentar, desta vez no sofá. Dou umas

A Pulga faz anos. É dia de cantar os parabéns a ela

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Há onze anos, numa segunda-feira, pelas oito e oito da manhã nascia a minha Pulga - a Maiveilha. Assim que nasceu veio logo para os meus braços, a partir desse momento os nossos braços andam sempre entrelaçados. Uma pré-adolescente com manias de adulta, que julga saber tudo e, por isso, não aceita ser contrariada. A vida encarregar-se-à de lhe demonstrar que também é saudável aceitar outras opiniões e nem sempre temos razão. Faz-nos crescer com objectivos, dando segurança às nossas escolhas. Parabéns minha Pulga.

Mas interessa?!

Estávamos na cama, eu entre as duas Pulgas mais velhas: eu a contar a história elas atentas ao romance e começo como todas as histórias começam... "Era uma vez um princesa que vivia num palácio tão grande e com umas torres tão altas que ela demorava um ano a subir até elas." Sou interrompida pela Baixinha, a de sete anos, espevitada como uma bimbi à moda antiga, que me diz que falta uma "coisinha". O quê?, pergunto eu já à procura do detalhe que faltava. "Não disseste se o ano era comum ou bissexto".

Decidi arriscar

Pintei as unhas de castanho escuro, coisa que nunca fiz pois sou rapariga de vermelhos, laranjas e cor de tijolo, mas aos sessenta resolvi dar um volta na cor. Castanho escuro oferecido pelos filhos, genro e nora e, claro, as Minhas PULGAS, no dia dos meu anos. Adorei a cor escolhida pela Madame (anterior Projecto)-nora que já vai sabendo os meus gostos e as minhas mudanças nos sessenta. Mostrei às Pulgas e a admiração foi total. "Preto no Natal!?" Ou, diacho, a cor das unhas tem algo a ver com esta época? De que cor se pinta no Natal? Vermelho?, perguntei. Resposta: Claro.

Duas na Terra uma no Céu

O mê Gugu falava que temos duas mães: a Mãe do Céu que é de todos e a nossa mãe na Terra, e desenhava com o dedo um semi-círculo em frente das suas duas manas, indicando que a mãe era dos três. A Maiveilha diz que até "pode haver quem tenha três". - Como assim, mana?! "Então, se duas mulheres casarem o filho terá duas mães na Terra e mais a do Céu". Fiquei sensibilizada, como aos olhos de uma criança o amor não escolhe sexos e tudo é claro. E ainda nesta semana foi assinado...

Paz e Sossego quem não quer?

Na brincadeira, no carro, digo às Pulgas que "Estou rica. Podem pedir o que quiserem que abro o porta-moedas e desembolso logo a fortuna para satisfazer os desejos". O mê Gu-gu pede o carro que anda a namorar há vários anos e que, por força das circunstâncias a compra tem sido adiada. As circunstâncias, melhor dizendo, é a careza do dito. A Baixinha pede o conjunto de materiais da Violleta, desde o lápis à escola de dança com todo o elenco (até nem sei se está à venda, mas enfim, deu-lhe para ser esbanjadora uma vez que disse estar rica). Nesta galhofa toda olho para a Maiveilha que de cara à banda, desafogada de pretensões, metida nos seus pensamentos, nem dava conta da brincadeira, ou melhor dava no silêncio. Perguntei-lhe o que queria e, que diga depressa que o dinheiro esfuma-se num instante. "Olha avó, Paz e Sossego!" Olhei com admiração e pedi-lhe para justificar. Sossego: é que estes dois todo o dia fazem barulho ao meu lado e Paz: porque não me deixam (

É de deitar por terra as expectativas!

Chamo pela Pulga - a Maiveilha.  Volto a chamar desta feita mais alto, não fosse a rapariga estar distraída e não ouvir a minha voz. Não me responde porque sabe que é para fazer "algum servicinho". Chamo, mais alto, enquanto me dirijo para ela. Oiço uns suspiros de desalento, mas nem me sente. Vou até à sala e digo: "oh, rapariga eu chamo, chamo e tu nem apareces nem respondes. Imagina que me tinha dado alguma coisinha e estava morta no chão?" Olha para mim, com cara franzida de admiração e, nas calmas, diz: "Morta? E a chamar?!" Raça de pequena!

Na Repartição de Finanças

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Ora toma e vê lá com quem te metes!

Estava eu e a Pulga - a Maiveilha a cortar folhas velhas dos cântaros cá da quinta (cof cof), melhor dizendo: eu cortava e ela apanhava, quando o mê senhor que assistia às brincadeiras das outras Pulgas que andavam de bicicleta, diz que vai ao computador. Pulga sem tirar os olhos da pá e da vassoura diz com ar de desalento, já prevendo a vida de casada... - Ai - e dá aquele suspiro de desalento -  também quando eu for casada vou estar a trabalhar no quintal e o meu marido no computador. Embrulha avô, disse eu. E mete um laço de papel que esta piada vai de encomenda.

É desta que emagreço

As manas pulgas, é mais a Maiveilha,  agora deram para me dar chá todo o dia. Isto porque é facil ir à horta, apanhar caninha e hortelã, colocar água na cafeteira, premir o botão, esperar com a mão à cintura igual à peixeira do Bolhão, que muito admiro, abanar a anca ementes espera que ferva, lavar as folhas deitar no bule e vualá: um bule cheio de chá perfumado para beber. O pior, o pior é ter de correr à "casinha" de meia em meia hora. De fome posso morrer agora de sede é difícil. São tão prestáveis estas minhas Pulgas e só querem o meu bem-estar. Chá chá chá meu rico chá chá chá...assim a modos que a dança latina.

Cabra?

-  Avó, a mãe é cabra! - diz a Pulga, a Maiveilha na hora do almoço. Engoli em seco, caramba, ouvir isto da boca duma criança referindo-se à mãe, uma p' ssoa até fica encabeçada. - Avó, e tu o que és? Ai, Jesus, piorou, esta agora!, se a mãe é cabra eu serei, supostamente, um .... Recuso-me a pensar. Olhei bem no olho da gasguita e ela, arregalada por ver-me arregalada, diz: -Avó, é aquilo dos signos! A mãe é cabra qual é o teu? - até suspirei de alívio. E bati no peito...e sentei-me a respirar fundo.

Sem resposta

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Estava eu "nuínha só com um véu", mentira tinhas as cuecas vestidas, quando reparo que Pulga - a Maiveilha olha mirando bem com um franzir de sobrolho e cara de repugnância para o meu corpo de viola portuguesa, hummmm, é mais harpa, mas enfim...Pergunto qual a admiração, ao olhar para a minha barriga com lombas e valetas e digo-lhe que, quando tiver a minha idade, certamente, terá gordura na barriga e nas ancas, por isso não faça aquela cara de "mete nojo". Pois avó, também vou ter as mamas descaídas. Como tu. Eu ainda olhei a confirmar...

Abre a porta que eu dou-te um beijo

As minhas Pulgas fêmeas brincavam na porta, uma por dentro a outra por fora, numa porta de vidro transparente. - Mana, abre a porta, deixa-me entrar - pedia Baixinha que estava na rua. A Maiveilha, que estava dentro ria e não abria. -Mana, abre a porta, não estou a brincar e quero entrar. - já de narinas abertas e cara de poucos-amigos. - Abre. Durante um tempo só se ouvia: "abre a porta"; "abre a porta, mana", e a porta mantinha-se fechada. Uma ria a bandeiras despregadas outra deitava línguas de fogo. Até que... -Só abro a porta se me deres um beijo - disse a Maiveilha, com o indicador a indicar na face o lugar onde a outra tinha de dar "o beijo". - Oquei, Mana. Atão, abre a porta! - isto já de sorriso aberto e palmas das mãos para cima e encolher de ombros. Levou a sua avante. A porta abriu-se e juro estava esperando ver o beijo. Não o vi.