É ele que me enche
Perto da hora do almoço, escovo o cabelo, passo baton rosa nos lábios, sei que ele gosta, e gosto que me olhe nos olhos e diga: tás bonita, eu penso que certamente tem miopia, pois não vê os anos acumulados no meu rosto. Olho o relógio, desço as escadas e espero para vê-lo subir rapidamente e, com força agarrar-se ao meu pesçoco, dar-me aquele abraço de saudades. Oiço a porta da garagem a abrir. Chegou. Olho, novamente ao espelho e penso: estou bem. Ele entra e logo sorrio. Pergunto-lhe como correu o dia. Está cansado, é natural, trabalhar cansa, dizem. À mesa diz-me que a comida está boa. Derreto-me toda. Sempre numa de me agradar. É verdadeiramente um rapaz gentil, sabe como convencer uma mulher, com galanteios. Falo do mê Gu-Gu, o neto caçula de cinco anos, mas de coração grande e frases bonitas que me aperta com abraços tanto que quase sufoco.