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Resumindo e baralhando

Sim, baralhando que a tia-velha baralha tudo. Ao ouvir os comentários sobre a vinda do Papa, diz ela em resposta ao repórter. - É a primeira missa?! - com ar de sabedora. - Ele já veio cá quinze vezes!!! Será que ele veio cá...a minha casa? Se veio não sei. É que eu... "nã no vi." O repórter dizia mais ou menos assim: celebrar esta que é a primeira missa da sua décima quinta visita ...

Tirou-me um, não, tirou-me dois pesos dos ombros

Obrigada Jesus, tiraste-me um peso dos ombros. Ao do Benfica e ao do céu. O Jesus (do Benfica) por ter levado o Glorioso ao lugar almejado por todos os clubes. O outro Jesus por ter feito aparece a bengala da minha tia. Desde ontem que o cajado tinha desaparecido, mas ela devota do Santíssimo Sacramento e de todos os santos já tinha pedido para aparecer. Logo de manhã pergunta-me ela. - Sabes onde está a minha bengala? - Não senhora, tem de procurar. - Ela vai aparecer!! - Ah vai, vai...mas tem de procurar. Com esta resposta, sentou-se, esperando que ela caísse do céu. Levantou-se ao passar por mim, volta a perguntar se tinha visto a bengala. - Tem de procurar. Ela não tem pés para vir até si. - Ela vai aparecer. E volta a sentar-se. Levou a tarde toda a procurar e encontrou, não sei se foi pela reza, telepatia ou procura.

Obrigada a todos

Obrigada em meu nome e em nome da minha tia-(velha) pelas mensagens carinhosas que me deixaram na caixa de comentários e também por telefone (por dificuldade de publicação). É desta forma que agradeço. E é verdade, tudo o que eu sei a ela devo e à minha mãe que se propuseram em formar-me da melhor forma. Mas se há virtudes que possuo é o saber reconhecer, o saber agradecer, o saber dizer: OBRIGADA, esta palavra tão simples, mas que há pessoas que lhe entravam na garganta e têm dificuldade em pronunciá-la. O que faço por ela não é obrigação, faço-o de livre vontade e com muito respeito embora nem sempre seja fácil. Não estou à espera de vida eterna nem o faço para merecer benesses no outro mundo, mas por que fui educada para cuidar da família. Um beijo da minha tia a todos pelo carinho demonstrado. Um beijo do tamanho do Mundo. OBRIGADA A TODOS.

Parabéns

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É o dia das tuas 85 primaveras embora estejas no outono da vida. Não foste mãe, mas filhos não te faltaram. A memória da família não te larga. Os momentos antigos estão presentes. Hoje descansas, sentada numa cadeira a ver as horas a passar, dia após dia. Estás esquecida, mas sabes que o amor e o carinho se manifesta através dos afectos. "Não me deu um beijo" dizes triste quando alguém se esquece de ti. Não importa, aqueles que gostam de ti nunca se esquecem. Tu estás esquecida... mas eu não. Como poderei esquecer? Contigo aprendi a ser humilde, agradecida, modesta. Presentemente ensinaste-me a ser paciente e a aceitar com resignação os factos da vida. Ao olhar para ti lembro-me da frase de Fernando Pessoa. "Deixo a vida me levar..."

Bisca

A tia velha não sabe em que mês (ano, dia, hora) estamos. Ainda há dias me perguntava... - O teu filho faz anos este mês, não é? Disse-lhe que estamos em Maio e ele faz anos em Agosto. - Ah, então é a tua filha. - Não, ela já fez no mês passado. E fizemos uma festança. Mas já que estávamos a falar de anos... Perguntei-lhe. - Entãããão? Quem faz anos este mês? - Seilhá! - Não sabe? Quando é que faz anos? - Faço anos a 9 de Maio .(Tal e qual as crianças...resposta completa.) - E quantos faz? Encolheu os ombros em sinal de desconhecimento. - 84...? - Não, isso foi no ano passado.- Mas antes de respondeu tive de fazer contas de cabeça pois eu também me baralho. E esta tia-velha é uma boa bisca* ainda me põe mais tonta! É que por vezes já não sei em que dia estou, de tanto ela baralhar os dias..(tal como se baralham as cartas para uma boa bisca*). *bisca dizemos quando alguém é pessoa de maus sentimentos,, mas também é um jogo de cartas muito jogado cá na região prin

Um dia, não hoje, e colo a bengala ao pescoço!

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- Bom dia. Vamos. - É desta forma que todos os dias acordo a tia-velha para o pequeno almoço (não digo muitas palavras para não a confundir logo de manhã). - Vou de robe?- pergunta-me. (Mas para onde esta mulher pensa que vai ?! E digo eu que não falo muito para nao a baralhar e afinal acorda baralhada. Valha-me Santa Senhora dos Idosos Baralhados! O que seria se eu fizesse logo de manhã uma conversa? "Havera"(é) de ser bonito. Não sei para onde pensava que ia!! Mas enfim...) -Para tomar o pequeno almoço pode vir de robe. Vou para a cozinha... Ela não vem. Volto a chamar:- O café está a arrefecer.- É que do quarto dela à cozinha são sensivelmente 20 passos (meus), mas ela dá prái uns 40 passos. Estou sentada à mesa esperando que chegue. Chega ela a cambalear sem a 3ª perna (a bengala). - Viste a minha bengala? - Não, mas agora sente-se... (já que estava lá...na cozinha...) Olha... vira-me as costas. E o café em cima da mesa! - Vou procurar a bengala. - E lá foi..

E, bicueites

A tia-velha estava no quintal sentada. Aproximei-me dela e vi-a a "enfregar" (esfregar) o joelho em movimentos circulares. Ao ver-me diz: - Hoje, tenho as pernas a doer. Só hoje? Tem sempre, pensei eu e baixinho, "quela" ouve melhor "queu". E digo uma coisa a pensar noutra. - Deve ser de andar muito... - faço cara de enfado, demonstrando muita pena ao mesmo tempo que franzia o nariz. Diz logo: - Mas eu não ando.- Com cara de espanto. - Ahhhh, então comece a andar. E "bicueites"*. À minha frente a marchar: one... two... three...à frente... atrás... à frente... atrás... * bicueites é derivado da Língua Inglesa (be quiet=caluda) um termo antigo que hoje em dia muito raramente se ouve, mas minha tia dizia muitas vezes (presentemente ela só fala de dores .É como o condor: con...dor aqui, con..dor ali...

Vai pá escola?

-Vai pá escola? - acaba de perguntar, a mim, a tia-velha, ao ver o mê senhor a sair de casa (ele é professor, daí a pergunta). Nada de descabido, mas hoje é sábado, alem disso é o feriado do 1º de Maio, e ela.... com esta pergunta. E diz à boca-cheia que ainda tem cabeça, força e saúde. Vejamos... Cabeça: Verdade que a tem em cima dos ombros bem colada ao pescoço "canao" já a tinha perdido como perde a bengala...os dentes...a roupa...o dinheiro. Tem ou não tem cabeça? Força: ora outra coisa que ela tem até em demasia (ironia) sim senhora, muita força (na língua, para dizer asneiras e ser mal educada). Não se aguenta de pé (tem logo de se encostar ou procurar cadeira), usa bengala (logo que se levanta da cama e só a deixa à noite), passa o dia sentada, arrasta os pés, mal consegue subir/descer escadas.Tem força, ora então? Saúde: é hipertensa, cardíaca e diabética, além de senilidade em elevado grau (para esta não há remédios nem tratamento).Toma uma mão-cheia de medic

Encontrar depois de encontrado

Se na semana passada a minha tia-velha (vejam à direita a idade) só pedia frango ou para comprar dois frangos para o jantar, nesta semana o disco foi outro: quando é que vou para casa? Quando é que vou para casa? Isto numa versão rock da pesada (com aquela matracada toda: pum-que-pum-que-pum, mais ou menos assim). Hoje foi o dia. Arranjei um farnel para ela passar o dia (como quando as crianças vão para a escola) e disse-lhe que só ia buscá-la à noite. Pelo caminho começa a "engalinhar" tal como uma galinha a cacarejar. P:  Porque é que vou? R: Porque pediu para ir. P: Mas o que vou para lá fazer?R:  Regar as flores. P: E tu vais-me buscar? R: Sim. P: E como posso fazer café? R: Não faz, vá à tasca. P: Mas eu algum dia fui à tasca?R:  Sim, muitas vezes. Em casa ficou a lamuriar-se. Ora se há uma semana que anda a pedir para ir para casa ... Ao ir buscá-la P: A chave de casa onde está? R.  Não sei. Valha-me Santa Aparecida dos Objectos Desaparecidos!!! Não poderí

Tava frio!

Estava na cozinha a preparar umas entradas (favas, maionese de ervilhas, feijão frade, entre outras, mas não digo mais para não me pôr a salivar e engolir em seco) porque amanhã vou receber amigos; do que estava a fazer (e como era hora de almoço) tirei uma porção de cada e compus um prato para a minha tia. Quando acabou e porque comeu tudo apercebi que estava a gostar (aliás ela gosta de tudo , não diz não, a nada) pergunto com ar prazenteira esperando ouvir : "ai que rica sobrinha eu tenho com mãos de fada!" ou "mas que delícia!" ou ainda"tens tanto jeito para a cozinha!" Diz-me simplesmente. - Tava frio! - com uma cara de enjoada. Outro dia vai "ma zé" levantar o cagueiro (perdão o rabichol) da cadeira e aquecer a comida se quiser comer as entradas quentes. E isto por que estou bem disposta "canão" comia "ma zera" um sopapo nai ventas para aprender a dizer aquelas frase que coloquei cima supra. "Ai cui nervos!&

Eu penso..só penso...

A minha tia-velha deve ter sido galinha numa outra vida (não, não é por cacarejar não, que coitada, não cacareja). É que todo o dia me pede para comer frango ao jantar. Ainda há pouco ouvi... --Psssst, !!Pssst! - olhei na direcção do chamamento e era ela (a tia-velha) a chamar por mim com a mão fazendo sinal para me aproximar. - O que vais fazer para o jantar? - perguntou. - Não sei ainda. Logo vejo - retorqui. - Tira do meu dinheiro e manda buscar dois frangos. Ri-me por que...todo os dias me pede frango...para o jantar. Por isso digo que penso...não tenho a certeza, (mas quase a certeza) que na outra encarnação deve ter sido galinha ou frango. (Se eu usasse o dinheiro dela todas as vezes que me pede frango já estava na miséria). Claro que rio-me e faço disto humor, pois que vida é a nossa se levarmos tudo à séria sem um sorriso na cara? Por que há gente que não é capaz de sorrir e anda sempre carrancuda. Para esses a minha gargalhada mais sonora.

Bater ou não bater para o caso pouco interessa

Ao ver uma reportagem na televisão sobre maus tratos infantis /violência doméstica a crianças pergunta a minha tia. - Eu batia-te muito? - e eu que estava distraída (por vezes esgueiro-me em pensamentos e não oiço o que vai à roda, tão absorta que estou e como dizem os brasileiros: "tou nem aí") olho para ela - Quando eras pequena! Eu batia-te muito? Já não me lembro! A sinceridade saltou-me à boca e disse a verdade!!

Paciência

Naqueles dias em que a minha tia está constantemente a fazer a mesma pergunta vejo este vídeo e respondo ao que ela me perguntou. Porque eu já fui assim porque ela agora é assim!

Não há que se preocupar!

Depois do almoço formos dar uma volta até ao parque para as "busicas" (crianças) andarem de baloiço. As duas velhas, perdão, mais idosas também foram, mas desta vez mantiveram os olhos abertos. Levei um cartaz: "Proibido deixar cair o queixo.Isso é que era bom!" (estou a caçoar não levei mas podei ter levado mas com cartaz ou sem cartaz se lhes apetece fechar os olhos fechavam mesmo) Minha tia (mijona compulsiva) que de meia em meia hora tem de ir à casa de banho pediu para fazer o seu xixi. Encaminhei para a zona dos dabliocês  e quando me "precatei" (quando menos esperava) entra na dos homens. Não há que se preocupar eu ia era rir de vê-la sentar-se nos urinóis. Será que conseguiria? De frente ou de costas? Ou nem ia reparar? E ela sem se preocupar!

Pastilhas na bomba

- Compraste pastilhas? - pergunto ao meu filho ao sair do bar na bomba de gasolina, referindo-me a pastilhas elásticas ou "gâmeses" como se diz por cá. Minha tia que gosta de se meter na conversa mesmo sem perceber do assunto diz. - Pá cabeça? Não é que ela não precise, mas na bomba de gasolina só se for pastilhas... de petróleo.

Já vais?

Acabo de chegar a casa com a minha tia, o meu senhor e o meu bisalho. Como a tia-velha anda devagar devido à idade, peso, cabeça, sim que a cabeça também pesa, ou não? Ao subir peço licença e subo rapidamente à frente dela. Ela sobe lentamente uma "passada" (um degrau) de cada vez, pára e recomeça. Chego acima tiro, bem, jogo os sapatos e está ela a chegar. Olha para mim e... - Vais caminhar? (sair de casa) Bem, nem sei o que diga... apetecia-me ir à cabeça dela...dar-lhe tantas bengaladas com a sua própria bengala a ver se pensa antes de falar. Pode ser que resultasse...

Os mandamentos do senhor padre

"Perdoai-me Senhor que eu não sei o que digo". Mas uma vez que as tradições já não são o que eram e o pecado já não mora ao lado e deixou de existir... Hoje perguntei à minha tia-velha os mandamentos do senhor padre, uma brincadeira que ouvia quando era pequena. Começa ela. Primeiro: Amar a Deus e roubar dinheiro Segundo: Enganar todo o mundo Terceiro: Comer boa vaca e bom carneiro Quarto: Jejuar depois de estar farto Quinto: Beber bom vinho tinto Sexto: Velhas e novas tudo a "ieito" E o resto não se lembra. Mas o quarto mandamento para mim é o mais interessante.

É a "ieito" o que vier à mão vai

Esta manhã a minha tia levantou-se antes de mim. Geralmente sou eu quem a acorda e assim controlo os medicamentos. Mas hoje... quando me levantei já estava com roupa vestida (de sair) e já tinha tomado café. Pergunto-lhe. - Tomou as pastilhas? - Sim. Tomei uma. - Qual? - perguntei contente (a dar saltinhos de alegria) que pela 1ª vez tinha tomado o de jejum que é branco como a neve. (O do coração) - O amarelo - responde. Ai Meu Deus!!! Esta cabeça não funciona mesmo. (O amarelo é para a tensão.) Engoli o sapo de não ter acertado e todo o contentamento se desvaneceu dando lugar ao descontentamento e preocupação. Daí a pouco pergunto novamente. - Qual foi o que tomou? - O cor de rosa - Jesus Virgem Santíssima agora foi o de cor rosa!!!(Este é para a memória. Memória? Mas onde estará ela?) Bem, esqueci o assunto e, rebobinei tudo de novo; fingi que não tinha tomado nenhum e por minha conta tomou todos novamente: o cor de rosa, o amarelo, o branco, mais um branco e mais um br

Cuidar cuida, mas de quem?

- Vou estender a roupa na rua. Se o bebé acordar, chame-me. Esteja atenta. - Digo para minha tia ao sair à porta da cozinha. - Tá bem. Coloquei a roupa no estendal. Regresso ao ponto de partida. - Ele acordou? - pergunto. - Quem? Esta minha tia se não existisse teria de a fazer...em barro... ou gesso.

Esquecida, mas não tento . Ou sim?

- Que dia é hoje? Segunda? - perguntava a tia-velha (aliás pergunta todos os dias). - Que dia foi ontem? - respondi perguntando, e como já tinha perguntado ontem, a ver se fixou... - Ontem? Ontem foi domingo. Então hoje é segunda. - Não! Hoje é quarta! - Ahhhh, tou muito esquecida...!! Posso me esquecer de muita coisa, mas da minha idade não me esqueço. Tenho 84 anos. - E olhando para mim... - não é?